... um conto contemporâneo.

(Leia o texto escutando a música, este é um pequeníssimo trecho de um conto que será parte do livro que estou escrevendo! Aproveitem!!! E muito obrigado pela presença aqui!)

... um conto contemporâneo.

Quando entendi, era tarde demais... e quando me vi, solitário em um suburbano clube de jazz, bebericando o amargo e barato whisky que terminaria de afogar minhas mágoas e melancolia por agora me serem apenas imagens daqueles instantes que ainda me pergunto se eram reais ou a mais deliciosa fantasia que já tive.

Pois bem, vou lhes dizer.

Foi num destes raros dias de verão em que o por do sol une-se à força radiante de uma lua cheia, inexplicavelmente trazendo tons e matizes especiais à existência, quando o tempo parece parar... foi quando pude contemplar o que até então eu só poderia supor ser uma miragem em meio à praia semi deserta.

Se eu fosse um fanático religioso, saberia que aquilo é um sinal divino, e mesmo não sendo eu sei que não poderia deixar de ser uma mensagem do cosmos, afinal a intensidade da energia que emanava daquela vida ali à minha frente poderia ressuscitar não apenas os mortos mas os que ainda estavam por morrer.

Enfim, naquele exato momento um leve e agradável brisa soprava seus cabelos que mais pareciam finos e gentios fios de seda, acariciando sua face que de longe acreditava-se ser tão macia quanto a suavidade do algodão, contornando-lhe e dando traços dantes indizíveis. Os olhos, amendoando-se em curvas descendentes, não disfarçam suas duas lindas favas de mel, não apenas pela mais tenra docilidade, mas pela inevitável beleza que ali encontrava-se, atraindo e contagiando a tudo e a todos. Mas não só isso podia-se ver, e em contraposição a estes, suas sobrancelhas impostas solenemente em um gesto corajoso e sereno, arqueadas como quem sabe de algo mais, carregando com serenidade e maturidade uma dolorosa verdade, com uma certa irritabilidade velada em seus lábios indefinidos, certamente dividida pelos efeitos da incessante guerra entre razão e coração, ali estava a essência de sua MAGIA.

De cara limpa e coração aberto, lá continuava, irradiando tantas luzes e energias que me era impossível mexer me pra onde quer que fosse, paralisado pelos feixes que se atravessam me e multiplicavam-se em direções múltiplas, ainda ela, ali, exposta a todos os segredos do “UNE-versos”, intrépida, deixando de lado todas as suas armas e armadilhas, fazendo de todos os sons ao seu redor uma incrível melodia da mais bela sinfonia jamais tocada, só podia ser escutada por um coração de anjo... atordoante seu equilíbrio e sensatez ligeiramente insensata para os sentidos humanos,  inabalável consciência de todo tipo de experiência que ela pudesse viver ou sentir, o cosmos estava do seu lado, dentro dela, saindo dela, era ela, já não sei se há diferença, era tudo!!! Ainda sim ali, pronta, perfeita, resoluta, forte, muito mais que linda e que qualquer outro adjetivo pudesse defini-la, uma incrível e voraz miscelânea de cores jamais vistas cintilava através de todas as conexões que antes eu acreditava ser matéria, já não fazia mais sentido, ou ao menos nada que eu houvesse experimentado nesta vida mortal. Eram luzes, só luzes, energia pura, contagiando tudo e a todos, tudo maravilhosamente lindo e fugaz que até mesmo um cego voltaria a enxergar.

E mesmo sem mover um milionésimo de milímetro de sua constituição “física”, fez com que o “UNE-versos” soubesse quem era ela...

“Sou uma MULHER... uma verdadeira BRUXA, e não há antídoto para o feitiço que lancei sobre você, pois não há cura para o AMOR!”.

...CONTINUA