Do original a tradução mais próxima para limítrofe, estar entre dois mundos, experimentar um pouco do caos da psicose e as dúvidas da neurose, o delírio, a fantasia, o vazio, a insatisfação, e não menos importante o ritmo alucinado e frenético com que percebe o mundo. Imagine estar dezenas de falas adiante do seu interlocutor e ter que esperar pacientemente até que ele chegue ao seu ponto, e quando isso chegar, você já ter tido mais centenas de raciocínios à frente.
A velocidade com que a dor se instaura pelas conexões que limitam e contornam a pequenez da consciência humana soam com angústia e sofrimento àquilo que o borderline ainda não tem palavras para expressar. Silenciando esta, apenas por mutilações físicas, e na busca incessante por atenção, carinho, paz, prazer e satisfação a compulsão sexual é implacável e por vezes fatal.
E não é só... na inabilidade de lidar com seu mundo constantemente perturbado, a sede pela fuga trás ainda mais problemas, como o envolvimento com álcool e outras drogas, potencializando o efeito das crises, lembrando ainda que oscilações de humor são muito comuns, infelizmente drásticas e graves mudanças num mesmo dia, desde a mais branda depressão e sentimentos de vazio até pensamentos suicidas.Passando de um pólo a outro, está a euforia e megalomania.
“Borders”, ou os que estão na borda, ou como gosto de pensar, na contramão do pensamento ortodoxo, na grande maioria são mulheres, uma pequena porcentagem de homens, descritos por terapeutas como difíceis de lidar, manipuladores, prefiro pensar que a quem não posso deixar-se aprender com os verdadeiros mutantes, quem sabe estes, assim como tantos outros brindados por psicopatologias não são o próximo passo na evolução humana?
Textos inteligentes e expressivos para nossa leitura. É isso que vc nos traz Jefferson. Faz a gente pensar e viajar com suas palavras magnificas em que coloca assertivamente nos assuntos. O "bordeline" e a manifestação atual, vamos aprender com "ele". Será?.
ResponderExcluirCarminha Barros
Olá Carminha, muito obrigado pelas palavras, quem sabe a ficção não precede mesmo a realidade e os nossos X-MEN não estão andando por aí, e assim como nos quadrinhos, são enclausurados, caçados e tolhidos de sua real potencialidade???
ResponderExcluirAdorei! Este Post está, simplesmente, muito sensível!
ResponderExcluirConcordo que nossos pensamentos neuroticamente organizados, ortodoxamente alinhados e logicamente corretos, limitam nossa capacidade de enxergar além.
E aqueles que conseguem, aqueles que são capazes, dentro de suas especiais condições, acabam por se tornar diferentes demais para nosso mundo totalmente pré-definido e conceituado. Há tanto que poderiam nos mostrar, mas há tão pouco que poderíamos fazer.
Acho que algumas vezes, pequenas - quase ínfimas -, somos capazes de nos sentir "borders". Em situações especiais, ansiolíticas, excitantes. E só. Efêmeras. Complexas demais para se manterem permanentes.
Imagino, realmente, se nossa definição de normalidade, de evolução, se alterará um dia. =)
Belo Post, meu amigo ;)
Você, como sempre, está um passo adiante.
Beijo carinhoso =*
É mais que um alívio saber que não estou respirando uma anti-matéria sozinho, Francine, sua contribuição é espetacular, no sentido de que trás um espetáculo aos olhos de nós que nos deleitamos com sua desenvoltura a transitar pela temática proposta, seja sempre bem vinda!
ResponderExcluirAssim, sem mais, gostaria de complementar, num corte abrupto, e deixar-lhes a pergunta, que tipo de salvação é esperada para uma vida média de 70 anos? Mutar significa adaptar-se, e se as próximas gerações se elevem ao posto de insensíveis?
Boderline - a histeria da modernidade. É interessante como temos e sempre tivemos a necessidade e o costume de denominar um comportamento humano. A humanidade hoje está vivenciando uma dualidade de extremos, para alguns se tem tudo, para outros nada. Alguns querem aproveitar o momento como se fosse o último ("seja feliz"), mas também quando estão tristes já pensam no suicídio. As vezes me pergunto quem sofre menos? Aquele que está preso na sua loucura ou os que se julgam sãos mas estão presos na sistemática moral e social?
ResponderExcluirColocação extremamente importante a sua Nicole! Obrigado por partcipar, espero ver mais vezes por aqui.
ResponderExcluirEntão, penso e acredito que a velocidade com que a sociedade cobra e exige determinadas posturas, desenvolvimento e ações, estão intimamente relacionadas ao modo como os seres humanos delineam seus níveis de sofrimento, Ora, em um modelo de existência onde os paramêtros são da geração "fast" isso, "fast" aquilo... é de se esperar o extremismo de comportamento, e nada mais esperado que o surgimento de Bipolares em massa. Nossos referenciais (artistas, políticos,atletas, etc)estão cada vez mais alienados, talvez possam ser cunhados como "fast celebrities", agregando valores inconsistentes e superficiais à massa. Em breve escrevei mais osbre isso sob o título de: "Pão e Circo".
Bjo e obrigado pela participação!